Burnout, a nova doença do trabalho

Notícias • 11 de Fevereiro de 2022

Burnout, a nova doença do trabalho
Publicado em 10 de fevereiro de 2022
Por Yara Leal Girasole

Você já sentiu um esgotamento muito intenso, uma carga de estresse tão elevada que teve vontade de jogar tudo para o alto? Geralmente, quando isso ocorre em um contexto de trabalho, a pessoa acometida tem dois caminhos: buscar formas de mudar o quadro em que está por si mesma ou com auxílio externo, ou desenvolver a Síndrome de Burnout.

“Estresse crônico que não foi administrado com sucesso” – Essa foi a frase utilizada para definição da doença, em um documento divulgado pela Organização Mundial da Saúde (“OMS”), para classificar a Síndrome de Burnout como uma doença exclusivamente relacionada ao trabalho. Sabemos que não é de hoje que o estresse e esgotamento extremos em decorrência de más condições de trabalho minam o potencial do trabalhador de desenvolver suas funções. No entanto, somente a partir do dia 01 de janeiro de 2022 que a doença passou a ser classificada pela OMS como uma doença do trabalho, trazendo consequências para o empregador.

As consequências do reconhecimento da Síndrome do Burnout como doença do trabalho são, em regra:

1 – reconhecimento de estabilidade no trabalho por 12 meses;

2 – afastamento pelo INSS, mas com continuidade no pagamento do FGTS mensal;

3 – possibilidade de reconhecimento de indenização por danos morais e até mesmo materiais (a depender do caso) na Justiça do Trabalho.

Portanto, é fundamental que o empregador auxilie no cuidado da saúde mental dos seus colaboradores não apenas medindo o seu grau de produtividade, mas também com a análise da preocupação do colaborador em atingir os resultados esperados pela empresa. Assim, é preciso que haja um plano de ação nas empresas, com uma equipe engajada nos cuidados relacionados à saúde e segurança dos colaboradores, pois essas medidas evitam exposição da empresa (tanto exposição trabalhista, quanto exposição relacionada à sua imagem), como engajam, mantém e atraem talentos, tornando-a mais produtiva e, consequentemente, mais lucrativa. A relação é, sem dúvida, de Ganha/Ganha.

O que é síndrome de Burnout ?
Burnout vem do inglês e significa “esgotamento”. A Síndrome de Burnout, ao se manifestar no colaborador, pode provocar danos à sua saúde tanto física, como psicológica, em decorrência das más condições de trabalho. Destaca-se que a Síndrome de Burnout não se trata apenas da falta de estrutura ocupacional adequada, mas sim de um ambiente onde há problemas que envolvam a saúde mental do empregado, como: bullying, assédio moral, cobranças extremas, pedidos de entregas inalcançáveis, longas jornadas de trabalho, falta de reconhecimento, e tudo o que de alguma forma caracteriza um ambiente desagradável para se trabalhar. Em casos extremos, a doença pode levar o colaborador à morte por problemas cardíacos e derrames, e até mesmo, ao suicídio.

Burnout & Pandemia

A Síndrome do Burnout se trata de uma questão antiga, mas somente agora foi acendida a luz sobre esse problema e isto tem ligação direta à pandemia do coronavírus. É que, desde o surgimento do vírus, foi percebido um agravamento diante do cenário global de problemas psicológicos relacionados ao trabalho e, de acordo com pesquisas, isto tende a continuar.

Em um contexto hipotético de pós-pandemia, as pessoas estão propensas a se dedicarem de tal maneira ao trabalho por medo de perderem seus empregos, que serão capazes de ignorar seus limites para entregarem os resultados esperados pelas empresas. Então, se antes o problema existia em um cenário já conhecido, a partir de agora, ele passa a ligar um botão de atenção a mais, que deverá ser atendido por todos os cargos de chefia.

Empatia e Engajamento

A melhor maneira de evitar que isso aconteça com um dos colaboradores da empresa é investir na prevenção e tornar a questão algo a ser discutido e analisado todos os dias por toda a equipe envolvida. O que não pode ser feito, de forma alguma, é ignorar o problema ou torná-lo pouco relevante, trazendo soluções paliativas e ineficazes.

O que fazer para prevenir casos de Sìndrome de Burnout em sua empresa:

  1. Primeiro passo é aceitar que a doença se desenvolve no ambiente de trabalho;
  2. Promover o assunto dentro do ambiente de trabalho, fomentar reuniões periódica (diárias, semanais; quinzenais);
  3. Oferecer todo o suporte necessário para que os gestores fiquem atentos ao comportamento dos seus colaboradores; e consigam perceber os sintomas logo no início;
  4. Definir um plano de ação em parceria com toda equipe, e se possível, com o auxílio de profissionais da área de saúde mental para ajudar nos processos das ações preventivas, que precisam ser feitas de modo contundente;
  5. Respeitar os limites de cada indivíduo;
  6. Valorizar pequenas conquistas de cada um.
  7. Promover rodas de conversas, espaços de conhecimento ou até mesmo“happy hours” com toda a equipe para que sejam construídas válvulas de escape, de conversas informais, as quais podem servir como geração de vínculos entre os profissionais;

Se já estiver acontecendo, o que fazer?

O primeiro passo é se dispor a iniciar uma conversa a fim de levar o colaborador a aceitar um tratamento e a ajuda necessária. O segundo é ampliar a visão para enxergar em que momento e por quais motivos levaram a pessoa a adoecer. Não será uma tarefa fácil diagnosticar o foco do problema, uma vez que sempre há mais envolvidos, mas é fundamental o esforço. Entender que o ambiente de trabalho pode ser nocivo à saúde do colaborador e tomar medidas preventivas para deixar o ambiente mais agradável para todos também pode evitar complicações diante de um processo judicial.
Estamos em um momento onde é importante que todos estejam atentos aos problemas que podem ser gerados por um ambiente de trabalho que não preza pela segurança da saúde mental de seus colaboradores. E como começar?

  1. Abrir espaço para a fala e a escuta de qualidade dentro da empresa;
  2. Abrir canais de comunicação e discussões/fóruns a respeito do tema;
  3. Promover conversas com os colaboradores para mensurar o nível de satisfação

de cada um no local de trabalho;

  1. Promover eventos e palestras;
  2. Criar Políticas governamentais direcionadas à essa questão
    As sugestões acima são exemplos de como o empregador pode demonstrar seu interesse na proteção da saúde dos colaboradores e diminuir riscos trabalhistas ao comprovar práticas da empresa nesse sentido. Abrir as portas da comunicação para a entrada de conversas com o empregado é sem dúvida, o melhor caminho para a prevenção. Então, vamos lá e dê início agora a este bate-papo.
Fonte: Fernando Albrecht
César Romeu Nazario
OAB/RS 17.832

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